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A Mobilidade Urbana Como Reflexo de Uma Sociedade Desenvolvida

A dificuldade de pensar de forma coletiva ainda é um obstáculo para a evolução urbana

A mobilidade urbana é um dos principais indicadores do nível de desenvolvimento de uma sociedade. Ao longo da história, cidades que conseguiram organizar seus sistemas de transporte e espaço público de forma eficiente sempre se destacaram pelo bem-estar coletivo, qualidade de vida e inclusão social. Desde as antigas civilizações até os grandes centros contemporâneos, a capacidade de mover pessoas e bens de forma segura, ordenada e acessível reflete o compromisso de uma sociedade com o progresso social e a sustentabilidade (Banister, 2008).

Cidades brasileiras como Pinhalzinho (SC), Conde (PB) e Araruna (PB), são exemplos de como o investimento na mobilidade urbana resulta em ambientes urbanos mais saudáveis, seguros e democráticos, mesmo em cidades pequenas. Pinhalzinho tem sido recomendada por especialistas como caso de sucesso na implementação de mobilidade urbana sustentável. Lá, há um planejamento voltado para a priorização do transporte público coletivo e para o transporte ativo (caminhar e pedalar), com infraestrutura adequada e incentivo à ocupação dos espaços públicos (MATÉ, DEBATIN NETO, SANTIAGO, 2014; SUMMIT MOBILIDADE, 2020). O município de Conde na Paraíba tem elaborado e executado políticas de mobilidade ativa, aprimorando o acesso por meio de projetos para melhoria da circulação de pedestres e ciclistas, em conformidade com o Plano Nacional de Mobilidade Urbana (METRÓPOLE, 2024). Já Araruna, no mesmo estado, também se destaca por medidas de planejamento urbano que visam reduzir a necessidade de deslocamentos longos, valorizando circulação a pé e por bicicleta, e promovendo acesso fácil a serviços essenciais (SAE BRASIl, 2023).​

A dificuldade de pensar de forma coletiva ainda é um obstáculo para a evolução urbana. No entanto, é fundamental que a sociedade compreenda que espaços urbanos seguros, ordenados, acessíveis e despoluídos beneficiam a todos, não apenas a alguns privilegiados. A mobilidade urbana, portanto, deve ser vista como um direito fundamental e um reflexo direto da maturidade social e do compromisso de todos com o desenvolvimento sustentável ds nossas cidades.

TEXTO – MAURO BRANCO – é mestre em engenharia urbana, sócio-diretor da Urbana Sustentável Consultoria e Treinamento e Coordenador de Mobilidade Urbana da ADR-Lagos Agência de Desenvolvimento da Região dos Lagos.

Referências

  • Banister, D. (2008). The sustainable mobility paradigm. Transport Policy, 15(2), 73-80. https://doi.org/10.1016/j.tranpol.2007.10.005
  • MATÉ, Cláudia; DEBATIN NETO, Arnoldo; SANTIAGO, Mateus Debatin. A mobilidade urbana sustentável nas cidades pequenas. In: ENANPARQ, 3., 2014, São Carlos. Anais […]. São Carlos: ANPARQ, 2014. Disponível em: https://www.anparq.org.br/dvd-enanparq-3/htm/Artigos/SC/ORAL/SC-IM-005_MATE_DEBATIN_SANTIAGO.pdf. Acesso em: 04 nov. 2025.
  • SAE BRASIL. Observatório da Mobilidade SAE Brasil. São Paulo: SAE Brasil, 2023. Disponível em:http://arquivos.saebrasil.org.br/2023/Ebook_Observatorio_da_Mobilidade_SAE_BRASIL.pdf. Acesso em: 04 nov. 2025.
  • SUMMIT MOBILIDADE. Grandes cidades podem aprender com pequenas e médias. Estadão, 2020. Disponível em: https://summitmobilidade.estadao.com.br/ir-e-vir-no-mundo/grandes-cidades-podem-aprender-com-pequenas-e-medias/. Acesso em: 04 nov. 2025.
  • METRÓPOLE. Mobilidade urbana sustentável em cidade de pequeno porte: o caso de Conde-PB. São Paulo, v. 26, n. 60, p. 637–661, 2024. DOI: https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-6011. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/63216. Acesso em: 04 nov. 2025.