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Saneamento: só 2,54% dos municípios estão próximos da universalização

Cidades mais próximas do ideal têm quase três vezes menos internações por doenças associadas ao saneamento inadequado

Da Redação com agências

Ranking da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) da Universalização do Saneamento 2025 aponta que apenas 63 municípios (2,54%) alcançaram a categoria máxima “Rumo à universalização”, entre 2.483 municípios com dados completos analisados.

A fotografia nacional revela que a universalização ainda é exceção: 74,22% dos municípios avaliados estão na faixa “Empenho para universalização” (1.843 municípios), enquanto 12,36% aparecem em “Compromisso com a universalização” (307) e 10,87% permanecem em “Primeiros passos para a universalização” (270).

O estudo reforça a conexão entre saneamento, saúde e planejamento: onde os serviços avançam de forma consistente, as internações por doenças evitáveis caem de forma expressiva.

Para o presidente nacional da Abes, Marcel Costa Sanches, os dados reforçam que a universalização não é um tema técnico isolado, mas um eixo de desenvolvimento e saúde pública.

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“O ranking mostra que saneamento é gestão, planejamento e continuidade. Onde o serviço avança, a consequência aparece na vida real. Menos internações, menos sofrimento e menos pressão sobre o SUS. Universalizar é uma escolha de política pública e também uma agenda de eficiência”.

O levantamento reúne 2.483 municípios (cerca de 45% do total de 5.570), que representam aproximadamente 80% da população, com dados autodeclarados pelos prestadores via Sinisa.

Desafio de informação: 55,42% dos municípios brasileiros (3.087) não entraram no ranking por não apresentarem todos os cinco indicadores necessários.

Saúde pública: nos municípios acima de 100 mil habitantes, a taxa média de internações (por doenças feco-orais do grupo Drsai) é de 14,16 por 100 mil em “Rumo”, contra 46,78 por 100 mil em “Primeiros passos”; nos municípios até 100 mil, sobe de 57,01 para 166,62 por 100 mil.

Planejamento: a presença do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) cresce conforme o desempenho: 84,13% dos municípios em “Rumo” têm plano; em “Primeiros passos”, 55,19%.

Capitais: Curitiba (PR) é a única capital na categoria máxima; Porto Velho (RO) aparece no extremo oposto, em “Primeiros passos”.

O ranking é um instrumento comparativo e periódico que avalia o quanto os municípios brasileiros estão próximos da universalização do saneamento básico, conforme as metas do Novo Marco Legal do setor, a Lei nº 14.026/2020. A proposta é oferecer uma leitura padronizada, replicável e útil para políticas públicas, regulação e planejamento, traduzindo indicadores técnicos em estágios claros de maturidade.

A base de dados é o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (sinisa), do Ministério das Cidades, com ano de referência 2023. As informações são autodeclaradas pelos prestadores e validadas pelo sistema. Para entrar no ranking, o município precisa apresentar dados válidos nos cinco indicadores adotados. A ausência de qualquer um implica exclusão, o que explica por que 2.483 municípios foram habilitados e 3.087 ficaram fora nesta edição.

Para garantir comparabilidade, os resultados também são apresentados por porte populacional, com base em estimativas derivadas do Censo 2022 e taxas intercensitárias: municípios até 100 mil habitantes e municípios acima de 100 mil habitantes.

O principal gargalo: esgoto e destinação final

Os dados reforçam que o esgoto, especialmente o tratamento, segue como um dos maiores entraves para a aceleração da universalização. Entre municípios de pequeno e médio porte que estão na faixa “Empenho”, o serviço menos presente é o tratamento de esgoto (média de 37,17%).

Nos municípios de grande porte, em “Empenho”, o tratamento também é o indicador mais baixo (41,20%). Já em “Primeiros passos” (grande porte), além da baixa coleta e tratamento, nenhum resíduo recebe destinação final adequada, segundo a média do grupo.

Já no recorte de saúde, o Ranking cruza saneamento com taxas de internações registradas no DataSUS por doenças feco-orais associadas ao saneamento ambiental inadequado (Drsai).

Segundo o estudo, quanto mais perto da universalização, menor a incidência de internações. Nos municípios acima de 100 mil habitantes, a taxa média passa de 14,16 (Rumo) para 46,78 (Primeiros passos). Entre municípios até 100 mil, o salto é de 57,01 para 166,62 internações por 100 mil.

FONTE: Monitor Mercantil com agências